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Mostrando postagens de 2010

tchau, ano bom

Fim. Acaba mais um ano. Nele acabaram tantas coisas, foram tantos pontos finais. Fica a lembrança de um ano com uma série de sepultamentos. Alguns valores foram enterrados vivos, pessoas foram deixadas na estrada, amores acabados, amizades rompidas, um infinito de adeus. Foi um ano onde outro tanto de coisas brotou, floresceu e agora dará frutos. Alguns sentidos se perderam. Às vezes nada fazia sentido, nem eu. Gostei muito de ter vivido todos os dias, o ano velho permitiu-me ser intensa sem sentir culpa por tudo que faço meio desmedido. Desejo que o próximo ano seja tão recheado de sensações quanto este. Desejo tantas ou mais provocações. Desejo mais sorrisos sinceros, mais olhos úmidos, mais boca seca de uma sede que possa ser curada. Desejo mais desejos. Quero poder continuar vivendo e costurando pessoas na minha colcha de retalhos, guardando momentos, lendo o que me faz bem, engordando minha alma. Desejo pra todos que amo que seja possível andar com a cabeça em pé, ter possib

chuveiro elétrico estragado

Muitas pessoas se parecem com coisas, não fisicamente, bom... às vezes também. Acho bem possível substantivar alguém pelas características que possui quando coincidem com a coisa. Esses dias eu conheci um homem. Ele era um chuveiro elétrico estragado. Juro, um homem-chuveiro-elétrico-estragado. E antes que me perguntem se é um desaforo direcionado, não, não é. É apenas uma constatação desaguando em mais uma das minhas filosóficas teorias sobre o tudo e qualquer coisa, com um fundo de verdade. Ou não. Um chuveiro elétrico tem sempre as suas temperaturas, pelo menos as básicas: inverno e verão. Quando estraga, é indiferente o lado para o qual aponta a seta, a água sai invariavelmente morna. É fria demais pro banho no inverno, mas dá pra aguentar. Toma-se banho rapidinho e se salta de dentro do box na ponta dos pés, bafejando nas mãos, se secando rapidinho. Arrepiei-me. No verão, o morno fica mais quente do que precisa, a gente sai suando do chuveiro. Seca-se a água, mais o que dest

cuida onde pisa, poltrão

Há um mundo entre nós. Encare a verdade, não dê as costas para os fatos, eu tenho alma grande, acredite em mim. Olha bem no meu rosto, não é à toa que vim de fábrica com esses olhos grandes e essa boca gigante, sou boa observadora, melhor ainda devoradora. O que eu não sei, vou atrás e o que você não entende, eu posso explicar. A única ressalva, que já aviso desde agora, é que vou fazer do meu jeito. Eu vou utilizar as minhas parábolas e carregar elas com as minhas paranóias, esquisitices e outras coisas mais. Acho que não vai ter problema, por baixo dessa capa conservadora existe um sangue fervendo. Sim, estou falando de você, desse ser que ainda não foi desbravado. Tenho impressão que você tem deixado de viver, tem preferido algumas insistências, criando motivos que são pura ilusão. Precisa de ajuda? Quer dar um pulinho aqui? Eu sei que não é seguro. Não me olha com essa cara de apavorado, ninguém que pulou este muro se sentiu à vontade logo de cara. Repara bem, que ironia, o

tudo isso bebendo água

Eu tenho tido o imenso prazer de caminhar mais pela vida, de ter me permitido mais através de alguns descompromissos. O resultado disso tem sido mandar embora alguns conceitos antigos, adotar alguns novos. Os princípios que ainda têm salvação são mandados para a tinturaria, voltam remodelados para me vestirem melhor, adequados ao tamanho que eu resolvo medir. Mesmo assim, nada é definitivo. Nas minhas caminhadas pelos becos do conhecimento – sobre tudo e nada – sempre encontro pessoas carregadas de bagagem. Furto um pouquinho delas e deixo nelas um pouquinho de mim. E, mesmo quando algumas diferenças são gritantes, é possível encontrar um ponto de convergência. Veja bem, não falei de concordância, não disse que entre as diferenças existe um ponto de opinião comum. Disse que há convergência, um momento onde o sentido apontado é o mesmo. E isso acontece por intuição, não por raciocínio. Esta mesma intuição faz surgir um sentimento de intimidade, quase instantânea – palavra que eu não g

(des)graças virtuais

Lembram que há posts atrás comentei sobre um fato engraçado que havia acontecido, mas eu não podia ainda contar porque não sabia como? Pois bem... contarei. Antes, é sempre bom lembrar que não é nada pessoal, tudo em nome da literatura. Faz de conta que aconteceu com a prima de uma amiga da sobrinha da vizinha da minha irmã. Ah, eu gosto de inventar personagens para fatos reais e me agradam fatos fictícios para personagens reais, também me autorizo complementar a verdade, inventar outras e ajeitar do jeito que eu bem entendo. Já que sou eu quem escreve, eu posso tudo. Não sou democrática quando escrevo. Nem quando tenho fome. Era uma vez, uma festinha. Dessas festinhas que acontecem todas as semanas, no mesmo lugar, com as mesmas pessoas reunidas, que a gente já tem até uma noção do que vai tocar, do que vai acontecer, de quem vai encontrar. Essas festas onde não precisamos de dons mediúnicos pra prever incomodação ou com quem se vai embora, melhor, com quem não se vai embora. Mas

surra de laço

Uma vez recebi um e-mail de um amigo dizendo que eu merecia uma surra de laço. Foi um jeito grosso de me dar um puxão de orelhas. Funcionou. Naquela ocasião eu estava precisando ler umas verdades que só um amigo pode dizer. Algumas verdades a gente sabe bem a cara que tem. Ainda assim passa um pouco de pó, blush, gloss, tenta deixar mais bonito, mas não tem jeito. A verdade nunca vai ser a moça bonita com quem o homem bêbado foi dormir na noite anterior. O melhor disso tudo é que a surra de laço teve bom efeito. Eu passei a aceitar os fatos, desmembrar a dita situação, dar nomes aos bois e logo o meu bode estava desamarrado. Nada varrido pra baixo do tapete, nenhum sapo engolido. Depois que tudo passa, quando a gente olha o desenho da situação, acaba perguntando se foi só isso. Sim, um tsunami na banheira. O drama vira comédia com um pouco de sarcasmo, vai tudo pro fogo, apita quando estiver pronto. Mais ou menos por aí que eu parei de gastar energia com o que não precisa. Passei a op