Num dia de verão, com um grupo grande de amigos na praia, um deles levantou do nosso acampamento de areia e saiu caminhando pela areia. Foi andando por aquele limite onde a espuma cochicha com a areia. Voltou quase duas horas depois. Perguntei onde ele tinha ido, respondeu que foi caminhar para conversar com a vida. Encarei a resposta como poesia feita na hora. Frase de efeito sem querer. Depois, olhando melhor pra ele, achei que voltou melhor do que saiu. Fiquei curiosa pelo assunto entre a vida e ele. Queria saber se fez perguntas, se ela respondeu ou se os assuntos apenas fluiram sem pauta, lançados no ar, como as pipas ao vento daquelas tardes de verão. Apoderei-me do ato. Resolvi que também posso conversar com a vida. Apenas combinei de não exigir respostas. Nem poderia. Certas perguntas eu faço para que não sejam respondidas. Pergunto em voz alta para afirmar a dúvida. A interrogação tem entonação convicta. Tenho dias de faladeira. Deixo a vida tonta de me ouvir. Mergulh
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