Descobri que a liberdade do sentimento é a melhor maneira de se preservar. Não é não amando que não se sofre. O não amor é o próprio sofrimento. O avesso do amor não é a raiva, não mora na traição e não está no ponto final de nenhum casal infeliz. Avesso de amor é apatia. O contrário do amor é não sentir falta da falta, não dobrar sorrisos para guardar no bolso e usar depois. Meu coração não é pálido. Misturo com os dedos as cores das tintas que vou usar em cada pulsação. Não sei guardar sentimento, pinto para depois pendurar por aí. Bem que eu gostaria de conseguir simular algumas reações. Tenho sobrancelhas faladeiras, precisam fofocar entre si quando algo acontece, fazem plissar a minha testa. Meus medos e amores ficam literalmente escritos na minha cara. Por economia de desculpas, confesso tudo. Assumo tudo: amores diários, passageiros, platônicos, eternos, passageiros. No meu coração tudo tem lugar. É uma salada de frutas. Cada vez que preciso organizar, é uma tormenta.
since 1980 - vivendo!