Pular para o conteúdo principal

das desculpas que eu não peço

PEQUENO ESCLARECIMENTO: este post já foi publicado no blog antigo, mas revivi ele por se encaixar perfeitamente ao dia de hoje, nesta semana. Também porque sem ele a Jana não vai me dar alta!
 Aquele que já estava engatilhado, eu publico depois.

Desculpa se eu não peço licença e acabo invadindo os lugares que não me são permitidos, se fazendo isso eu cometo atropelos. Desculpa pelas minhas desobediências, mas eu nunca disse que era uma menina boazinha, desculpa pela minha mania de pensar demais, de querer demais, de fazer demais e esperar de menos. Desculpa por todas as palavras que eu não disse e pelas que eu disse mentindo, mas estava escrito na minha testa que era mentira.



Desculpa pelo meu amor cínico, pela intensidade passageira, pela falta de tato. Desculpa pelos choros mentirosos e risadas pretensiosas. Desculpa pelos pequenos segredos, pela personalidade forte, pela falta de submissão, pela inteligência, pela opinião, por ter ligado o foda-se, por jogar as coisas por cima, pelas pequenas explosões, pelos dias de chuva. Desculpa por pisar em ovos (querendo que quebrem). Desculpa por quebrar as correntes, pelas mãos de areia.



Desculpa por não saber falar de sentimentos, por abraçar quando eu quero correr, por dar oi quando eu quero sumir. Desculpa por ser bem resolvida, pela auto-estima, pelos superlativos. Desculpa por não saber todas as respostas e por inventar explicações malucas, por acreditar nas minhas teorias, por alimentar meus monstros, por cultivar meus defeitos. Desculpa pela ousadia. Desculpa pelos gritos que eu prendo.



Desculpa por saber voar sem tirar meus pés do chão, por morar no meu umbigo, por escolher quem eu vou amar, por desamar, por desarmar, pelo desapego, por selecionar palavras certas nas horas erradas e palavras erradas nas horas certas, por me apegar nos detalhes. Desculpa pelas observações e declarações fora de hora. Desculpa pela racionalidade, pela impulsividade, pela imoralidade, pelas calorias fora de hora, pelos pequenos desejos e pelas aventuras. Desculpa por arriscar e querer mais, por ser eternamente insatisfeita, por me reinventar e ser intranquila. Desculpa por ainda assim me sentir em paz e vibrar diferente.



Desculpa por torcer, por vibrar, por não ouvir, por me fazer de besta, por olhar pro lado, por atravessar a rua e não respeitar as placas de pare. Desculpa por dar valor ao que eu acho certo. Desculpa por não ser sexy, pelo jeito casual, pelos palavrões que escapam sem querer. Desculpa por acreditar no destino quando me convém e nas simpatias, mandingas e manias. Desculpa por rogar pragas, esbravejar, maldizer e torcer o nariz. Desculpa pelas horas que eu gasto lendo pessoas, pelo medo que eu tenho de ser desvendada, por pular a janela, por escalar o muro, por descer a escada e torcer o pé, pela porta fechada. Desculpa pelas minhas escolhas, por ter uma vida e por me conhecer.



Desculpa por jamais poder pedir estas desculpas, por ser assim, por ser doce e ter casca, por quebrar o gelo, pela política, pela intensidade e pela inconstância. Desculpa pelas pequenas, médias e grandes insanidades e inconsequencias.



Desculpa por fazer bolhas de sabão com as minhas alegrias, de soprar elas ao vento e ver uma a uma virarem nada. Desculpa se a beleza está no momento, mas essa culpa não é minha, não fui eu quem inventou o sentimento. Nem no auge da minha maior crise de criatividade eu ousaria...

****
Com vocês, o ornitorrinco!beso!

 
Ah, sim, já fui menos covarde, sim!!! Já me escondi menos, já fugi menos, já sumi menos... Mas já fiz menos tanta coisa! E também já tenho quase completa minha lista de loucuras. Mil vezes ja tomei banho de chuva, de temporal, já caminhei no meio do vendaval, comendo poeira. Já corri nua. Já dancei no meio da rua (sem música). Já pulei sem parar a noite inteira. Meu final de semana já teve um dia só, com duas noites, duas manhãs, mas parecia tudo tão madrugada (aliás, não foi?!), minhas semanas já tiveram menos dias, mais dias, mas nunca dias iguais. Por isso que os devaneios e as insanidades sempre deixam sempre um gosto de quero mais. Loucuras são repetíveis, mas dias iguais, jamais. Prefiro respirar em dias livres, escolher se chovo, faço sol, fico nublada, ando na faixa ou na calçada (?!), fico de bem ou emburrada.

Hoje eu já sou menos inquieta, mais discreta. E continuo sendo eu, em muitas faces e mesma pessoa... ô vida bem boa!!! Tá, mas muito lero-lero, falei, falei e não expliquei o que eu quero.

Só vim dizer que se eu achar pertinente (e também acho beeem prudenete!!), vou seguir do mesmo jeito. De repente, mato mais coisas no peito...
(já viram que sol tá na rua hoje???)


****

Somos o contorno daquilo que ninguém sabe como desenhar.
Somos a inspiração do que alguém projetou sem executar.
Somos o sonho mais perdido e a razão mais vazia.
Somos o que ninguém sabe, nem explica por quê.
Somos matéria.
Somos alma.
Somos algo que ninguém quer entender.

Comentários

Anônimo disse…
Um post bem biscoita. Só a kuky é a kuky.
Carlos disse…
Outra vez:
God... TKS!!!!

Ps. Desculpe, mas não peças desculpas por seres assim tão Kuky...
Caroline disse…
Amei este texto. Sensacional rolou muita identificação.
artur disse…
Lindo texto, são boas desculpas para não serem pedidas! Beijos
keila disse…
Adoro esse teu texto. Foto muito original, é bem ao estilo Kuky.

beijos
Anônimo disse…
Parabéns pelo texto. Parece ter um potencial para seres escritora. Grande abraço.

Postagens mais visitadas deste blog

(des)graças virtuais

Lembram que há posts atrás comentei sobre um fato engraçado que havia acontecido, mas eu não podia ainda contar porque não sabia como? Pois bem... contarei. Antes, é sempre bom lembrar que não é nada pessoal, tudo em nome da literatura. Faz de conta que aconteceu com a prima de uma amiga da sobrinha da vizinha da minha irmã. Ah, eu gosto de inventar personagens para fatos reais e me agradam fatos fictícios para personagens reais, também me autorizo complementar a verdade, inventar outras e ajeitar do jeito que eu bem entendo. Já que sou eu quem escreve, eu posso tudo. Não sou democrática quando escrevo. Nem quando tenho fome. Era uma vez, uma festinha. Dessas festinhas que acontecem todas as semanas, no mesmo lugar, com as mesmas pessoas reunidas, que a gente já tem até uma noção do que vai tocar, do que vai acontecer, de quem vai encontrar. Essas festas onde não precisamos de dons mediúnicos pra prever incomodação ou com quem se vai embora, melhor, com quem não se vai em...

poucos gigas

Eu não sou boa fisionomista. Não sou boa em lembrar dos rostos das pessoa que conheci. Se eu preciso encontrar alguém, tento lembrar da roupa que estava usando e se for “o Fulano, que estava bebendo água com a gente em tal lugar”, vou lembrar da marca da água, se era com ou sem bolinhas, como o Fulano bebia, onde era o lugar e o que fizemos, mas provavelmente, não me lembrarei do rosto da pessoa. Às vezes eu não presto muita atenção no rosto, escuto o que a pessoa fala, fico atenta aos gestos... pelo menos em uma primeira conversa. Sou detalhista demais pra prestar atenção apenas no rosto. A menos que a pessoa seja muito marcante já à primeira vista. Tive uma paixão adolescente no colégio. Por todo o segundo grau, na verdade. Era um menino que nunca estudou comigo, nunca namoramos, mas éramos declaradamente apaixonados um pela companhia do outro, pela nossa sinceridade e pela maneira como jamais nos cobramos nada. Havia um pacto branco de jamais mentir. Havia um pacto branco de não ...

estudo antropológico II: o amor e o trambique

----------- ANTES DE MAIS NADA E EM CAPS LOCK, QUERO QUE SAIBAM QUE O MEU PAI É O MEU MAIS NOVO LEITOR. EM OUTRAS PALAVRAS, A PARTIR DE HOJE NÃO TENHO MAIS DIREITO À HERANÇA E ESTOU ACEITANDO DOAÇÕES. QUEM QUISER CONTRIBUIR, POR FAVOR, ENTRE EM CONTATO QUE EU MANDO AS INFORMAÇÕES BANCÁRIAS!!! TAMBÉM ESTOU DEVENDO PRA ELE DESCULPAS PÚBLICAS, PELA MINHA IRMÃ E POR MIM, POR TERMOS DEFINIDO ELE COMO "O BARULHENTO". INJUSTAMENTE. UMA PESSOA QUE RESOLVE FURAR TODAS AS PAREDES DA CASA ÀS 8H DA MANHÃ DE DOMINGO OU CORTAR A GRAMA BEM EMBAIXO DA TUA JANELA NÃO É UM BARULHENTO. NÓS TE AMAMOS MUITO. fim do caps lock. ------- estudo antropológico II: o amor e o trambique Quem ama faz trambique. E não adianta a tentativa de me convencer do contrário, estou ciente e convicta das minhas palavras. Cada letrinha bem escrita, dizendo a verdade verdadinha. Não existe amor que não transforme a pessoa numa trambiqueira de primeira, isto é certo do que a lei da gravidade. Que atire a prime...