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paso de piedra 2005 malbec

Da série revividos.
Era uma vez um fotolog. Daí acabou. Fim.
Não, não fim. Resolvi resgatar de lá os textos que eu gosto e postar aqui... Então este é o primeiro, porque foi por causa dele que eu resolvi fazer o blog.
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Têm várias coisinhas no mundo que me irritam. Não são irritações sérias, mas são as coisinhas de pensar: por que isso existe? Por que ser assim? O mundo seria melhor sem isso. Que feio...

Por exemplo, pra que mexer comigo quando eu estou tão quietinha e querida no meu canto? Depois reclamam... Adoram colocar a culpa em mim. Choveu? Culpa minha. Sol de rachar? Culpa minha. Subiu a gasolina, caíram as ações, acabou o papel higiênico? Culpa minha. Ah, mas eu vou conta um segredo, pasmem. Nem tudo no mundo é minha culpa, por mais que isso agrade algumas cabecinhas. Lamento. Legal, vamos aos poucos, são muitas informações. As coisas funcionam mais ou menos assim: ando eu bem despreocupada por aí, interessada só em ser eu e fazer (bem feita) a minha parte – aliás, bem feito pra quem não faz! E levo a bronca por desamores, desafetos e desilusões que não me pertencem? Na na ni na não. Frustrações não são bem-vindas na minha quota anual de culpa.

Estou benevolente, então vou ajudar a trilhar uma vida feliz, seguindo as pedras amarelas de Dorothy pelo mundo de Oz: às vezes, não em todas, mas na grande maioria das situações sentimentais, não interessa o quão bacana a pessoa seja, tente ser, finja ser, interprete, faça de conta ou sei lá o quê... não vai mudar o comportamento do outro. A pessoa que está do nosso lado, age com a própria cabeça e pior – pior sim – com o próprio coração. Então não adianta fazer isso ou aquilo pra ser amado, não adianta ser fantástico pra não ser feito de besta. Se o “par”quiser, se der na telha, F@%&*... Não adianta. O que é importante nessa história toda: fazer o “par” enxergar o valor que tu tens. Bom, se não tiver valor algum... complica. Hoje é o dia da benevolência, não dos milagres. Ligue novamente e consulte o departamento de agenda!

Eu acredito sim em mudança. Acredito que alguém mude da água pro vinho. Acredito que um cretino de pai e mãe se converta num cara perfeito, ou quase isso. Um exemplo é meu cunhado (ele vai me matar por isso!), que era o maior falcatrua do mundo inteiro e hoje é um namorado fabuloso pra minha irmã. São um dos casais mais perfeitos que eu conheço. Eu mesma já mudei. Mas sabem quando isso acontece??? Quando a pessoa quer, por ela mesma, por decisão própria, por decidir fazer valer a pena. Por olhar quem está do lado e encontrar naquela pessoa valores suficientes pra querer fazer dar certo.

Nisto eu acredito.

Branca de Neve, eu te magoei? Deve ter acabado a benevolência. (por favor, mais vinho!)

Bom, pra isso, é óbvio que a pessoa precisa ter um “auto-conceito-de-si-próprio” minimamente bom. Por exemplo, eu tenho um ego tão grandão e inflado que às vezes nós dois não conseguimos ocupar a mesma sala. Mas isso é bom! Há quem reclame, eu ignoro! Brincadeiras à parte, é muito importante saber se valorizar. Ajuda a não implorar o amor alheio e não culpar o outro pelas próprias frustrações. Serve para não criar desculpas esfarrapadas pras idiotices que se pratica. Sofre? Ah, sofra mesmo. Tem motivo se não consegue viver uma vida sem procurar desajustar o que está se encaminhando. Em vez disso, por que não gasta o tempo vendo o valor que o outro também tem? Em vez de querer apenas ser notado, amado, idolatrado, salve, salve, por que não reconhecer a pessoa que se está junto? Isso ia economizar tanta besteira, tantos lenços de papel e DR’s. Odeio DR’s.

Não estou tentando parecer simplista. Só estou dizendo que saber que a pessoa que está ao meu lado reconhece o meu valor me deixa tranquila (saudade do trema). E fico à vontade pra poder reconhecer nela o valor que ela tem. Eu mudo e ajo diferente porque optei por isso. E assim o meu “par” muda e age diferente, porque quis e optou. É a minha teoria... cada um pode ter a sua. Podem até gastar rios de dinheiro em terapia. Eu prefiro escrever. E acreditar no que escrevo. Enfim, viva a diversidade dos relacionamentos. Ainda bem que é todo mundo diferente e que os cretinos se regeneram QUANDO QUEREM e quem nunca se doou resolve se doar. Ainda bem que se pode observar e optar por fazer valer a pena. Ainda bem que se é sempre igual e sempre diferente.

Por isso, não me culpem por qualquer insegurança. Não me culpem por ser de boa e não desprender energia com bobagem. E não culpe o “par”se tu não teve sensibilidade suficiente pra ver a pessoa que ele é. Se não optou por ele. Se não resolveu fazer valer a pena. Agora bola pra frente, um passo de cada vez. Caiu? Levanta. Triste? Vai passar. Acreditem em mim, pode não parecer tão fácil praticando, mas é seguro e saudável. Talvez seja a maneira mais sincera de lealdade também... a gente não pode moldar o outro como nós queremos que ele seja (por favor, mais vinho!).

(01.03.2010)
 
 
 
Hoje eu não quero poema, quero asfalto!
Não quero comédia, quero assalto!!!


Comentários

Carlos disse…
Grande idéia resgatar os Posts antigos do Fotolog!! Mesmo que eu já os tenha lido todos, Kuky é sempre bom, em inéditos ou reprises! Mas ainda boto fé num Livro. A Martha Medeiros coloca as Crônicas em Livros para efeito de registro de autoria. Deverias fazer o mesmo!!!
Beijo Grande!
PS. da um pedaço do dedo?

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