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Mostrando postagens de novembro, 2011

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Nada do que eu disse foi o que eu quis dizer. Deixei de fazer o que eu queria. Parece que a vida nos desafia a provar que existimos. O fato de não conseguir dizer não significa que eu não quero. Você me tira de mim. Fico procurando nas minhas cartas de desculpas os porquês que eu preciso. Nenhuma diz. Nenhum coringa. Sem cartas nas mangas. Sem cartas na mesa. O jogo é de memória. Muita coisa mudou. Eu me mudei. Precisei me mudar de Vila Vazia. Ocupo muito espaço, ocupo mais que o próprio corpo, gasto sempre mais do que tenho. Sou perdulária de ideias. Não economizo destinos. Além da alma cigana, tenho gosto pelo dramático. Vou mambembe da honestidade da minha caneca de café preto de todas as manhãs aos delírios e inventos das canecas de chá à noite. O líquido reflete realidade e sonho, sem açúcar. Ida e volta no portão de embarque dos pensamentos. Levo a bagagem nos bolsos. Histórias na pele. Saudades nos olhos. Eu me mudei porque estava ocupada demais, cheia de mim por todos o

stomachion das relações

Ele irá acusá-la. Ela irá rebater. Ou vice-versa. A briga acontecerá, será inevitável. Romances esbarram em placas de pare erguidas pelas particularidades das pessoas. Esquecemos que no relacionamento não somos um, continuamos dois. Quando lembramos, ditamos que sempre fomos assim e que nada mudará: ele me conheceu exatamente deste jeito. Está errado. A maioria dos solteiros – aqui falo tanto em homens quanto em mulheres – desalmados, egoístas e promíscuos que eu conheço se transformam em seres agradáveis, doces e fiéis quando amam. Amor exige disposição. O amor requer muito do que jamais nos foi dito. Você irá mudar, talvez nem perceba. Mudará sem evitar. Por isso ao acabar o relacionamento é comum que o outro diga que agora caiu a máscara. Calma, alto lá. Somos seres em constante mudança, unimos a nós o nosso meio. Por isso prefiro sempre evitar as brigas. É comum que o casal pense que poderá ficar junto sem ser diferente, mas sempre um pede que o outro se transforme. Ela co

as rugas do origami

Comprei creme para rugas. Um dia isso iria acontecer. O potinho de vidro com letras miúdas ainda é um tímido nanico entre os longilíneos frascos de perfume da prateleira. Ainda sofre um pouco de preconceito porque comprar, eu comprei. Usar são outros quinhentos. Resolvi avaliar dentro da minha cabecinha por que eu jamais havia comprado um potinho daquela espécie. Por que dentre tantas quinquilharias já adquiridas na vida, nunca um mísero creminho para rugas. E eles são simpáticos! A descrição do produto e as promessas oferecidas são tentadoras. Ao fim e ao cabo, comprei por não ter encontrado o porquê de não comprar. Ainda não encontrei o porquê de não usar, logo, venho por meio deste informar que em breve serei uma usuária de um milagre epidérmico com fórmula não oleosa. Se tudo der certo, em quatro semanas os resultados serão visíveis. Em alguns anos, voltarei à primeira série. Estará na cara! Sério! De verdade! Lendo o livreto que vem dentro da caixa, fico convencida de que Po

me leve com a vossa pessoa

Sem jeito pra encaixar o corpo na cama, esta sou eu admitindo que me restou apenas levantar quando a vontade ainda seria permanecer. Preferia dormir. Meu sono me visita como marido adúltero: chega tarde, fica quatro ou cinco horas e vai embora cedo, sem despedidas. Relatam que já nasci inquieta, mas lembro de uma fase da vida, acho que pela adolescência, em que eu era capaz de dormir dez horas seguidas. Sem culpa. Sem trocar de posição. Sem ir ao banheiro. Não se faz mais sono como antigamente. Não se faz mais muita coisa como antigamente. Como aquariana praticante e convicta, assumo que sempre ando com a cabeça lá na frente – ultimamente lá nas nuvens. Mas para algumas coisas, sou conservadora. Não dessas que defendem verdades absolutas, paradigmas imutáveis e opiniões de pedra. Sou favorável às mudanças, desde que se mantenha a essência. Tem coisa que só funciona assim. E só faz sentido desse jeito. Por exemplo, homens e mulheres. Essa nova paquera de hoje em dia é muito estran