A tentação de um erro é muito grande. Quando o erro é bom, é enorme. Não adianta tentar convencer de que não é um erro, tenho tendência a querer alguns deles. Os propositais me fascinam. Sabe erro que vem em loop. Tu já o erraste uma vez, passou, e ele vem de novo, tu vês a onda se formando. Mergulho? A resposta é óbvia, se mergulhar tu sabe que vai tomar caldo, sabe que vai se afogar. Até voltar à superfície serão muitas braçadas. E o que se faz? No máximo tampa o nariz com os dedos: indicador e polegar. Que maravilha. A sensação de estar mergulhada nesse equívoco e não ter ninguém por perto que possa jogar uma bóia.
Esta sou eu. Parada na frente desse mar de falhas que eu já conheço. Oi, já fomos apresentados? Sim, mas eu não quero que tu me pague nenhuma bebida.
Estou só sentindo o vento e observando as ondas se formarem. Uma hora são inofensivas marolinhas. Em segundos, são tsunamis. Ainda estou parada, contemplando, escolhendo o melhor momento de sair correndo e tapar o meu nariz. Na areia estão poucas pessoas que sussurram em coro: não vai, não vai. E por que eu sou tão teimosa? E por que eu quero ir? Sabem quantas vezes eu já me afoguei?
Perdi as contas.
Sabem quantas vezes eu gostei?
A maioria delas.
Por isso são tão tentadores estes erros.
O fato é que o perfume, a textura da barba roçando no meu rosto antes do beijo, o toque, o abraço e todo o filmezinho que antecede o mergulho fatal, me seduz. Fico remoendo as palavras que já foram ditas e o olhar profundo. Os sorrisos cínicos e os verdadeiros, que eu nunca quis saber diferenciar.
Aquela ardência nas narinas da água salgada, tentar sair, querendo ficar mais um pouco, braçadas pra lugar algum. Confesso, sair viva, olhar pro mar que eu enfrentei e venci, é o desafio que me ganha. Talvez algumas histórias nunca devam ultrapassar as cortinas azuis. Ultrapassar as janelas é tarefa para outros tipos de pessoas, não o tipo certo de pessoa errada. Pelo menos posso pintar meu mar da cor que eu escolher.
Cílios longos são a minha ruína.
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Verdades verdadinhas da semana:
Só ainda não decidi se as digo por ordem de acontecimento ou de importância... Vai por ordem de lembramento.
- Não pegue, não aperte, não sufoque, não se mova. São bons conselhos.
- Vida profissional, ok. Acadêmica, ok. Familiar, ok. Amigos, ok. Boa mãe, boa filha, boa amiga, boa aluna, boa profissional... esqueci de alguma coisa?!
- Nunca há certeza quando os fatores do produto são duas pessoas. Se forem de sexo oposto, então, a equação não comporta prova real.
- Desenruga esta testa. Desfaz este beiço. Isso tudo é teatro requentado!
- Tem dias que quero aprender, outros prefiro ensinar. Mas na maioria deles, eu só quero mesmo sorrir.
- Deve ser muito chato ser a regra. Prazer, exceção.
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AMOR ERRADO - FERNANDA PORTO
Eu pensei que pudesse esquecer um amor errado
Indo embora de casa, cortando o cabelo, escrevendo cartas
Eu sonhei que o tempo bastaria
Que nunca mais quando fosse noite
Viria o rosto, o volume dos ombros
O cheiro de pescoço encostado...
Acreditei em poder suportar certas misérias, deitada sozinha
Não percebi que o amor estava confundido às ferragens da alma
Ele vem atrás, ele vem atrás até quando estamos dormindo...dormindo!
Eu pensei que ele aceitasse ser abandonado
Mas percebi que fica enroscado nos tornozelos da gente
Rosnando baixinho para ser ouvido até mesmo, até mesmo debaixo dechuva, debaixo de chuva.
Eu pensei que pudesse esquecer um amor errado
Eu pensei que pudesse esquecer um amor errado
Debaixo de chuva...
(até o fim)
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Adoro teus textos!