A conclusão é óbvia, tudo é questão do ângulo de observação. Eu, como detesto metafísica, fico cá no ângulo de mim. Não quero sair de mim, me olhar de fora pra saber o que eu sou. Interpretar o meu ser é uma questão de ficar exatamente onde eu estou, não me mover um milímetro. E vejo que está tudo bem por aqui. Os barulhos de dentro são altos, mas harmônicos, não ofendem os tímpanos. Se me recolho do mundo de todos pra prestigiar a minha companhia, é por isso. Eu me dou bem demais comigo. Sou apaixonada pela minha pessoa, meus próprios mistérios me fascinam, meus destemperos e excessos. As regras que eu invento, depois desinvento, quebro, colo, são puras exceções.
A regra é ter equilíbrio, desde que não seja morno, desde que desça do muro, desde que eu não morra de tédio, desde que não seja mesmo tão equilibrado assim... É isso mesmo, não me leve tão a sério, nem eu faço isso. Sou uma caixinha de surpresa.
Não me ataque à primeira vista, há uma chance muito grande de não haver a segunda vista. Gosto de tipos estranhos, mas precisam me divertir. Cultura também é necessária. Essencial. Fundamental. Gosto que conversem comigo, me ensinem coisas, me contem histórias e, com algum tempo, vou gostar se me provar que eu estive errada sobre alguma coisa que não seja minha mais nova convicção eterna – que também pode acabar em segundos. Mas não me retruque, não diga como devo fazer, o que devo pensar, como devo agir, não critique meus maus modos, nem meu jeito pouco convencional de fazer o que der vontade, ainda que não seja na hora mais adequada. Faz parte do meu show. Se eu sou do avesso, é porque assim a estampa fica mais charmosa. Quem conseguir olhar pro meu lado de dentro, ganha um doce. Um doce de pessoa: Eu.
Eu sei que não sou uma pessoa muito fácil. Mas quem sabe me levar, acaba tendo tudo de mim, desmedida. Sei lá por que eu sou assim... Talvez porque eu sou de aquário! Porque sempre fui mimada. Porque devo ter traumas ocultos. Sei lá. Já que a culpa é minha, posso colocá-la em quem eu bem entender. Estou errada??? Eu gosto de fugir. Gosto de sumir. Gosto de não dar explicação, de não ser cobrada, de não ter por quê. Não me interrompa, me diga os nãos corretos, não me abrevie, mas me coloque limites com cuidado para que eu não desconfie. A rebeldia me ama.
Ainda tenho descrença sobre alguns sentimentos e prefiro acreditar mais no meu cérebro do que no coração. Mesmo assim, jogo limpo. Não faço de conta que não sinto nada se morro de amores, nem que amo muuuito quando não sinto nada. Apesar dos meus amores cínicos, é real o sentimento enquanto dura. Interprete meus olhos, eles sempre deixam escapar o que se passa na minha cabeça. Traidores.
Quando eu mexo no cabelo, não quer dizer sim. Quer dizer que mexi no cabelo. Quando eu sorrio, não quer dizer sim. Quer dizer, sorri. Quando eu fico quieta, não quer dizer, sim, nem não, tampouco nenhuma das opções anteriores. Quer dizer apenas isso: nada. Silêncio. Uma linda e longa pausa prolongada num limbo de palavras desnecessárias. Me faz bem, o lado de dentro faz barulho alto, ou cala também num misto de medo, admiração e ansiedade. Não sei o que vem agora. Tem horas que não quero saber. Tem horas que não saber me desespera. A minha alma é cigana, só sossega na mudança. E só faz isso quem tem um porto, quem sabe pra onde voltar. Há sempre um lugar que a âncora encontra conforto.
E enquanto tu fala e pensa que me encanta, acha que me surpreende, meus olhos procuram a saída de emergência mais próxima. O que tu ganha? Meus sorrisos, uma boa história, um tempo legal e, provavelmente, um monólogo. Eu posso ir embora sem dar tchau, mas eu nunca saí com a cabeça baixa.
Não sei muita coisa, invento outras tantas.
Não sei se há amor. Nem se quero que haja. Não sei se tenho medo porque dizem que tira o fôlego. Eu não quero ser a última romântica. Nem nisso eu gosto de ser a última, quero apenas ser a primeira das minhas incertezas, porque odeio as dúvidas desconhecidas.
Hoje eu acordei interrogação.
Uma verdadeira incógnita.
Do filme Letra e Música. Já vi oitocentas vezes, daí na vez oitocentas e uma, me deu um estalinho quando ouvi: And I'm open to your suggestions e me lembrou alguém. Vai entender...
Way Back Into Love
I've been living with a shadow overhead
I've been sleeping with a cloud above my bed
I've been lonely for so long
Trapped in the past, I just can't seem to move on
I've been hiding all my hopes and dreams away
Just in case I ever need 'em again someday
I've been setting aside time
To clear a little space in the corners of my mind
All I want to do is find a way back into love
I can't make it through without a way back into love
I've been watching but the stars refuse to shine
I've been searching but I just don't see the signs
I know that it's out there
There's got to be something for my soul somewhere
I've been looking for someone to shed some light
Not somebody just to get me through the night
I could use some direction
And I'm open to your suggestions
All I want to do is find a way back into love
I can't make it through without a way back into love
And if I open my heart again
I guess I'm hoping you'll be there for me in the end
There are moments when I don't know if it's real
Or if anybody feels the way I feel
I need inspiration
Not just another negotiation
All I want to do is find a way back into love
I can't make it through without a way back into love
And if I open my heart to you
I'm hoping you'll show me what to do
And if you help me to start again
You know that I'll be there for you in the end
Comentários
Acho que ambos temos uma bangunça interna mental (termo cientifico q eu inventei agora), uma espécie de festa cerebral com todos nossos eu's bombando. Mas vc ainda tem o dom de se organizar com todas as suas Louises.
Já o seu amigo aqui...
By the way: great post
Ô coisa bem boa frequentar este Blog...