Costumo me abandonar às vezes, apenas para não me esgotar. Não uso até o fim todas de mim. Vivo e morro muitas vezes, até num mesmo dia. Posso cansar de tudo, jamais suportaria meu próprio tédio. Por falar em tédio, este é um senhor de quem esqueci o cartão de visitas no fundo de alguma gaveta. Dificilmente lembro-me de vivê-lo. Tenho muito riso para dar.
Eu me agrado fácil. Hoje ri porque uma flor pousou no meu ombro enquanto eu revirava a bolsa atrás da chave do carro. Uma florzinha branca, dessas sem vaidade, que já nascem com a beleza que precisam. Veio e se sentou, como um papagaio. Encarei com dúvida até me convencer do que era. Ela me encarou com pólen.
Olhei em volta para procurar a mãe da flor, a árvore mora quase na outra esquina. Com a ajuda do vento e um pouco de sorte, unimos nossos destinos. Deus existe nesses momentos. Não é na súplica, na raiva ou na devoção, Deus existe em tudo que nos toca. Sorrir é simples e divino. Às vezes tudo que a outra pessoa precisa é de um sorriso. É mais contagiante que bocejar. Ao sorrir emprestamos alegria aos olhos, que por alguma ligação que a fisiologia não explica – ou explica e eu não sei – leva para o coração. A sensação é de conforto. É a minha carta na manga para espalhar amor.
Vivo muitas em mim, criando intimidade. Ser estranha à própria vida seria egoísmo. Permito-me repetir. Permito a reinvenção e as reformas. Isso multiplica as minhas chances de felicidade. Fico perdida em mim mais pelas surpresas da procura do que pela redenção do encontro. Não nasci para ser sempre a mesma. Não acredito em caminho de linha reta. Qualquer olhar perdido me seduz, vira farol.
Evito me explicar demais, eu sei que os meus porquês confundem. Apenas sou. Oferecer a mão, ceder um sorriso para alguém ou o ombro para uma flor é questão de sensibilidade, não de explicação. É espalhar o meu pólen no dia alheio. É multiplicar a minha vida em outras vidas.
Cidadão Quem
Se alguém
Já lhe deu a mão
E não pediu mais nada em troca
Pense bem, pois é um dia especial
Eu sei
Que não é sempre
Que a gente encontra alguém
Que faça bem
E nos leve desse temporal
O amor é maior que tudo
Do que todos até a dor
Se vai
Quando o olhar é natural
Sonhei que as pessoas eram boas
Em um mundo de amor
Acordei nesse mundo marginal
Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo
Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo
O amor é maior que tudo
Do que todos, até a dor
Se vai quando o olhar é natural
Sonhei que as pessoas eram boas
Em um mundo de amor
E acordei, na terceira Guerra Mundial.
Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo
Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo...
Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo
Mas te vejo e sinto
O brilho desse olhar
Que me acalma
Me traz força pra encarar tudo!
Comentários
Linda foto! Música delicinha.
Quem tem a honra de te conhecer sabe que sempre tem um sorriso para oferecer.
Beijo, Fe.
Kukynha, quando eras Bebê, certamente Mamis Heine passou esse tal de Pólen do Riso em ti!!!
Acho que foi o Cau que soprou a flor para o teu ombro... Daí a inspiração para a música da Cidadão, Linda!!
Vindo de ti, mais ainda!!!