(mais um da série contículos)
Chamava-se Francisca. Não uma Francisca Chica, essa não tinha alcunha. Francisca e ponto, gostava do nome. Era alta suficiente para alcançar suas coisas ficando na ponta dos pés, mas gostava de usar mochinhos. Falava muito, pelos cotovelos, pelos dedos. Quando parecia silenciar, falava com os olhos, os cílios faziam mímica, as pálpebras tagarelavam. Mesmo muda ela era ensurdecedora. Perguntava coisas estranhas. Contava a vida
Numa tarde, sentada num banco, soprava plumas de um dente de leão que apareceu antes do tempo. Enquanto os pés inquietos pinicavam o chão, passou espirrando um Gustavo de muitos apelidos. Tantos apelidos quanto alergias. A primavera é uma estação linda e impiedosa.
- Olha, ficou careca! – Francisca mostrou a semente desplumada.
Gustavo riu sem mostrar os dentes, fungou um cheiro sério.
- Calma, a primavera já vai acabar. Se bem que o início do verão também pode ser um problema pra ti. Sabia que essas sementes com pluminha só aparecem no verão? Esta veio antes do tempo!
Ele permaneceu imóvel e calado observando, tempo suficiente para que ela notasse que ele amarrava os tênis com tope, usava as meias simetricamente na mesma altura das canelas e o cabelo bem escovado.
- É a primeira vez que te vejo por aqui.
- Não saio muito de casa. Tu sempre vens aqui?
- Todos os dias! Aqui é a continuação do quintal da minha casa... porém, com mais pássaros.
Francisca tentou ajeitar a trança feita pela manhã. O cabelo não veria pente pelo resto do dia. As meias estavam desengonçadas, os tênis amarelados. Os cadarços receberam tope uma vez só na vida. Jamais serão desfeitos ou feitos. Francisca não perde tempo com pequenezas. Prefere dar laço nas pessoas.
Francisca olhou de novo. Se o amor acontece em algum momento, foi naquele. Ela percebeu que ele tinha o brilho da lua nos olhos. Ele era concentrado em timidez.
Nas outras vezes que conversavam, ela percebeu que ele tentava aprisionar o riso. Quando a gargalhada fugia, tentava capturá-la de volta. Ele gostava dela, guardava isso como se pecado fosse. Ela sabia e fingia que não.
Numa das tagarelices dela, durante os encontros casuais, ele falou que ela era um problema. Francisca não se ofendeu. Na verdade, não entendeu muito bem, teve preguiça de perguntar, ele também não falaria. Ele tremia, ela percebia. Gustavo, todo engomadinho, morria de medo de qualquer coisa, inclusive de chegar muito perto de Francisca. Ela tinha medo de dar (mais) medo nele. Assim, nenhum dos dois fazia nada, o que não era o normal da elétrica Francisca, com suas faíscas desordenadas.
Ele nunca a convidou pra dividir um sorvete.
Ela fez uma casa na árvore.
Quando ele passava, ela, do alto repetia para se convencer:
- Melhor bem te ver com os bem-te-vis.
Nunca foi fácil ter seis anos.
Minha amiga Zabeti disse que minha mãe podia me levar pro PLAY. hahahaha
I looooove you, Fox!
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Apenas para reiterar que eu sou muito favorável às causas das pessoas-problemas! Voto para que todo mundo tenha na vida uma encrenca das boas. Tanto que óóó http://louheine.blogspot.com/2011/06/oculos-para-ver-encrenca.html
Sem mais!
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Quando a gente conversa
Contando casos, besteiras
Tanta coisa em comum
Deixando escapar segredos
E eu não sei que hora dizer
Me dá um medo, que medo
É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
É, eu preciso dizer que eu te amo tanto
E até o tempo passa arrastado
Só pra eu ficar do teu lado
Você me chora dores de outro amor
Se abre e acaba comigo
E nessa novela eu não quero
Ser teu amigo
É que eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
É, eu preciso dizer que eu te amo tanto
Eu já nem sei se eu tô misturando
Eu perco o sono
Lembrando em cada riso teu
Qualquer bandeira
Fechando e abrindo a geladeira
A noite inteira
Eu preciso dizer que eu te amo
Te ganhar ou perder sem engano
Eu preciso dizer que eu te amo tanto
Comentários
E tenho dito...