Por vezes fico assombrada com as palavras que brotam de mim. Entre o signo e o significado, creio sem dúvidas no que sinto. Mesmo que seja anônimo. Exploro, questiono. Por vezes descubro algo mais além. Por vezes me contento com a dúvida não respondida, não pela comodidade, mas pela alegria de guardar segredos que eu mesma desconheço. Não conseguir me decifrar não faz de mim fraca, porque sei me aceitar inclusive nas fraquezas.
Conto amores nos dedos. Conto fatos inventados nos dias que passaram por mim nas poucas vezes que estive parada. Derramo observações sobre posturas, gestos e falas, analiso entrelinhas e mensagens subliminares. Verifico a pele traduzindo histórias. Quando o rosto esboça o riso, já desenho o delírio. Quando a pupila turva em água, sou expectativa. Para a mão que procura a minha, saudações.
Já enterrei alguns amores de faz de conta, adverti para que não me levassem a sério. O cenário era a única coisa real, o amor era travestido, máscara, fantasia, estava acobertado pela luz, como as sombras impressas pelas mãos de uma criança nas paredes do quarto antes de dormir.
Chorar por amor é uma declaração sincera. Um choro honesto não dura mais de dez minutos, a preparação da angústia dura mais, o luto se arrasta por caminhos de volta ou descoberta. Elaborar perdas exige mais do que apenas chorar. Desconstruir-se, desintegrar-se, ver escorrer pela mão feito água a convicção que foi plantada. Criar um nada, colocá-lo no bolso e seguir viagem exige cara de pau, coragem de admitir que se falhou sem saber o porquê, mas sem desistir de saber. Segui passos que não eram meus, fiz o retorno na primeira curva. Iludi sem mentir. Não subi montanhas ou pulei de precipícios. Conservei pudores, aboli escravos de outros patrões, instiguei motins, coloquei lenha na fogueira, me mantendo imune. Fiz revoltas desarmadas. Fiz consciente coisa errada. O tempo me fez perder o jeito, mas não a crença. Mesmo inabitado, o peito continha oxigênio. É o que o fogo precisa para queimar.
Alguém riscou o palito porque deve ter medo de escuro.
No colégio me disseram que eu tinha plantada a semente da insensatez. Agradeço a Deus por ela ter brotado, por dar frutos de todos os sabores. Já provei dos mais doces aos mais amargos, todos maduros. Tenho dó dos normais, dos que jamais foram tomados por impulsos, dos que não dizem o que pensam, dos que camuflam o que sentem. Me despertam compaixão as pessoas tom pastel. Nunca consigo deixar uma tela em branco, uma folha por riscar, um lápis virgem. Não acredito em gente sem história, em quem não ri e depois chora e torna a rir. Considero agradáveis as minhas manias, mesmo quando me irritam. Gosto do que me provoca. Preciso de inspiração. Quem me instiga me seduz. Faço juras para a eternidade que abraça a minha vida. Grito palavras onde faz eco. Sou precipitada em dizer o que penso, em dizer o que sinto, atropelo protocolos, não faço mistérios por pura impaciência, tudo para erguer a bandeira da sinceridade. Aprendi que isso faz colorir contornos. Enquanto vejo as pessoas murando o coração, cercando o que sentem, escondendo seus valores, guardando com cães raivosos o patrimônio das suas paixões, eu abro mais uma mais uma janela. Penduro roupa na varanda para sinalizar a habitação. O gramado sugere um convite de cama nas tardes frias e com sol. Meu escafandro está vazio. Minha casa está cheia.
Quando a tristeza bate na minha porta, a trato como hóspede. Dou abrigo, trato bem, para que parta tão bem quanto chegou. A tristeza precisa de conforto porque o lugar que deixará vago será ocupado por outro sentimento. Levará uma boa impressão, voltará mais amena das próximas vezes. Partirá sem rancor.
Não deixará saudade. Mas a saudade irá surgir. E o inédito vai surgir. Agora eu entendo o que ninguém me explicou. Carregar o meu nada exigiu paciência e fé. Foi involuntário voltar a sentir, foi involuntário gostar. Não que eu não quisesse, mas não procurava. Não esperava. Acontece que a tristeza, ao sair, esqueceu a porta aberta.
Já haviam me alertado que o amor é assim, invade a casa sem pedir licença, não toca a campainha, chega sem avisar.
Fique à vontade, a casa é sua.
Si es amor
La sabiduria llega cuando no nos sirve para nada
no se puede evitar
y todo lo que pasa conviene
son las reglas del destino, son las reglas del amar
y todo lo que pasa conviene
son las reglas del destino, son las reglas del amar
cuando vos querias un abrazo
yo queria emborracharme con los flacos en el bar
cuando yo queria la rutina, vos decias quiero aire, necesito libertad
cuando vos querias la rutina, yo decia quiero aire, necesito libertad
pero al fin si es amor, cruzará huracanes y tormentas
pero al fin si es amor, beberemos solo su belleza
al otro dia como el ave fenix me levanto con el pie derecho
y rio sin razon
llevo una locura caprichosa, caprichosa las canciones, me abren su gran corazon
la musica es mi chica caprichosa que cuando no toco el piano me manda al infierno (adoro essa parte!)
pero al fin si es amor, cruzará huracanes y tormentas
pero al fin si es amor, beberemos solo su belleza
y si es amor, comeremos en la misma mesa
y si es amor, lo que nunca compartimos, las vidas que no vivimos juntos
dos miradas que esquivamos, las mentiras que dañaron
nada nos importara, nada nos importara, nada nos importara
si es amor
Comentários
Texto perfeito!
beijos
bj
De onde "brota" isso Kukynha?
Bjs
#prontofalei