Aos que insistem em supor qualquer coisa a meu respeito, não mais pedirei que não o façam. Façam. Concedem-me o grande prazer de contraditar bobagens, ainda que mentalmente. E me fazem o favor de abastecer a minha inquietude com as certezas que eu não quero ter. No momento em que tudo fizer sentido, perderei eu o sentido de ser. Prefiro organizar não quem sou, mas o que sinto. Prefiro me fazer companhia e discutir conceitos próprios a agradar opiniões alheias. Nasci do avesso, me conservo assim. Nasci com fome, olhos grandes, atentos e um nariz que aponta pra frente, ainda não mudei isso.
Quando me apontam chamando de egoísta, acho graça. Eu sou umbiguista, é bem diferente! Minhas abdicações são sigilosas, não preciso pintar um muro com a lista das minhas concessões. Prefiro pintar os muros com as marcas das minha mãos, sujas em alguma poça, molhada em alguma água, mergulhada em alguma cor. As minhas digitais têm muitas histórias. Invento fatos, desinvento pessoas, reformo e reconstruo com meu tempero qualquer coisa que eu precise chamar de verdade. Os tropeços enriquecem a viagem.
Os meus porquês não são respondidos fora de mim, são construídos aqui com zelo, como castelos de areia. São estruturados, mutáveis, moldáveis. As minhas indecisões são crocantes, os meus medos são terríveis. As minhas razões não têm compromisso nem comigo. Eu não posso dizer que aprendi a observar as relações por ângulos diferentes, eu nunca soube aprender a ser diferente. Só sei ser eu. O problema é que eu sou tão vasta e infinita que as minhas possibilidades atravessam qualquer conceito ou rótulo que possam querer me dar. Nem todo mundo consegue medir o meu tamanho. Ao me supor, criam teorias: pra minha solidão, pro meu humor, pros meus excessos, para as minhas compulsões. Querem saber por que eu não gosto de leite, por que eu durmo pouco, por que eu faço cara de espanto e faço graça quando ninguém vê. Algumas coisas são só por charme, puro capricho. Mas são minhas, muito minhas, preservo tanto quanto meus segredos mais impublicáveis. Sou certa dos meus erros. Ando vivendo demais pra mim. No meu copo cabe sempre mais um gole de qualquer coisa que me faça cócegas nas alegrias. Não consigo beber a tristeza por vontade própria, nem imagino onde guardei a garrafa.
Insistem em colocar interrogações nas minhas molduras, eu, que sou pura exclamação, apesar de amar as reticências. Não sigo trilhas, não tenho mapa, não uso relógio. Pra achar a lua, é só olhar pra cima. Prefiro descomplicar, fazer do meu jeito. Quando dá errado, fogo! Alguma coisa vai nascer... Se não nascer, valeu ter feito fumaça. Eu não me prendo, não tenho amarras, mas crio vínculos. Eu sei amar como ninguém sabe. Eu sei olhar o que quase ninguém vê. E pra quem diz que eu não sei o que eu quero, lamento. Eu sei. É simples e raro. Por que eu não digo? Ninguém me pede com jeitinho.
Continuem supondo. Ainda tenho que voar muito por aí.
Ask - the smiths
Shyness is nice, and
Shyness can stop you
From doing all the things in life
You'd like to
Shyness is nice, and
Shyness can stop you
From doing all the things in life
You'd like to
So, if there's something you'd like to tryIf there's something you'd like to try
Ask me - I won't say "no" - how could I?
Coyness is nice, and
Coyness can stop you
From setting all the things in life
You'd like to
So, if there's something you'd like to tryIf there's something you'd like to try
Ask me - I won't say "no" - how could I?
Spending warm summer days indoors
Writing frightening verses
To a buck-toothed girl in Luxembourg
Ask me, ask me, ask me
Ask me, ask me, ask me
Because if it's not Love
Then it's the bomb, the bomb, the bomb
The bomb, the bomb, the bomb, the bomb
That will bring us together
Nature is a language - can't you read?
Nature is a language - can't you read?
So ask me, ask me, ask me
Ask me, ask me, ask me
Comentários
Kukynha, NÃO MUDE NUNCA!!!!
Trilha sonora pro texto de hoje: http://www.youtube.com/watch?v=BliqScxpNRs&feature=related
Tava rolando na Radio Elétrica da Katia Suman enquanto eu te lia...
Beijos,Isa.